domingo, 29 de novembro de 2015

London New Years Eve is calling!





 Fonte: Time Out London


E muita coisa mudou por lá desde o ano passado, quando o governo passou a cobrar entrada para os arredores da London Eye e BigBen. Na virada de 2014/2015 estivemos lá, eu e meu husband, comemorando nossos 10 anos juntos e realizando novamente meu sonho de estar nessa cidade que é a minha paixão ever. 


Quando planejei minha viagem peguei várias dicas em blogs, canais do Youtube, sites, etc. Dentre eles o Londres Para Principiantes, que está recebendo este texto como contribuição para seu conteúdo. Obrigada Eneida! ;)


Bem, vou contar a minha experiência nessa ocasião que foi muito divertida e inesquecível. De forma cronológica, eu antes de mais nada, pesquisei O QUE FAZER na virada do ano em Londres. Descobri então que passou-se a cobrar ingresso de £10 para o entorno de onde saem os fogos. Existe um site que vende os ingressos e você imprime um voucher e troca depois num posto de troca lá em Londres, para pegar a sua pulseirinha de acesso.


Eu acabei não comprando pelo site, pois fiquei com medo de acabar me arrependendo e perder a grana, se caso eu decidisse fazer outra coisa no dia. Eu planejei a viagem, mas fui com o pensamento de que faria o que desse a telha, independente do plano. E foi assim.


Um dia (uns 3 dias antes do Ano Novo), fomos jantar num restaurante atrás da London Eye, chamado Locale que tem preços legais e várias opções de massas (comida de todo brasileiro que viaja pra Europa...hahaha). Daí, na hora de ir embora eu vi um cartaz perto da porta dizendo da venda de um pacote, com jantar e o ingresso pra entrar no perímetro no dia do Ano Novo. Conversei com a atendente, ela me mostrou as opções e fechamos. Compramos o jantar pro Ano Novo e a pulseirinha. A desvantagem nessa compra é que as mesas tinham horário específico. A gente pegou uma mesa as 19h30, pra ficar 1h30 jantando. Depois tínhamos que desocupar a mesa pro próximo cliente. Poderíamos ficar no bar do restaurante até a hora da virada, se tivesse lugar no bar. 


Quando chegou dia 31, começou a aventura. No final do dia nos arrumamos e fomos para o restaurante. Estávamos hospedados num hotel ao lado da estação Tottenham Court do metrô. Pegamos o metrô e descemos em Westminster. E a rua já estava cheia, as barreiras já colocadas, guardas e seguranças por todo lado. 
  


Ok! Vimos uma fila enorme e larga, bem larga, de pessoas para apresentar suas pulseirinhas e entrar no perímetro. Estamos lá, olhando para o relógio (pois o restaurante nos deu 15 minutos de tolerância para garantirmos a mesa E o jantar já pago, no caso de atraso). De repente eu vi um guarda do staff do evento falando algo em um megafone. Mal e mal entendi que aquela entrada era apenas para quem tinha o acesso ao portão NORTE. Fiquei na dúvida, meu marido disse: É aqui mesmo, relaxa.


Eu, como boa mulher que sou, catei outro guarda e perguntei se eu podia entrar por ali, mostrando minha pulseirinha. E... não. Minha pulseira dava acesso para o lado sul, ou seja, DO OUTRO LADO DO RIO. E faltava pouco mais de meia hora pra HORA EM QUE EU DEVERIA ESTAR SENTADA COMEÇANDO A JANTAR. 

 Olha a galera pra acessar o perímetro! =O


E então, como faz? Meu marido queria ficar lá, e na hora convencer o cara a deixar a gente entrar. Não. Não mesmo. Eu não ia arriscar negociar com meu ruim-das-pernas-inglês com o guarda na entrada, contando que ele ia falar: É nóis. Aqui é curintia. Entra aí, parça!
Não! Ali não era o Brasil. Eu tinha CERTEZA que não ia dar certo. (e não sou corintiana, só pra constar, hehehe)


Bati o pé, esperneei, arranquei a roupa e convenci o marido a irmos correndo pro outro lado do rio. Depois de esbaforidamente chegarmos na outra entrada, passamos na frente de todo mundo e eu mostrei o voucher da nossa reserva do restaurante. A moça olhou pro relógio e deixou a gente entrar. UFA!!! Faltavam poucos minutos pra entrar no restaurante. Deu certo, jantamos muito bem, mas não tinha lugar no bar. Não dava nem pra chegar perto do balcão do bar. Ok! Vamos lá pra fora, a gente se vira.

E nos viramos. Viramos quase dois picolés. Hahahahaha... A área por ali era pequena. Até dava pra andar um pouco mais na beira do rio, até chegar na barreira, mas não ia mudar nada. A gente andou um pouco, achamos um lugar estratégico exatamente atrás da London Eye, onde tem um pátio ao ar livre e decidimos ficar ali. Depois de alguns minutos, começou a chover e parar de chover várias vezes, voltamos pra rua e achamos uma marquise, onde tem um restaurante, uma lojinha de vende-tudo, comércio fechado, e tal. E ficamos ali, sentados nos degraus dessa marquise, pelas 3 horas seguintes. A bunda congelou, a perna dormiu, o sono bateu, mas deu pra distrair um pouco comentando sobre as pessoas e quantas periguetes de estola de peles, short e salto alto passavam por ali. Foi impressionante.


 Quando foi chegando a hora da virada fomos pro “nosso lugar” e então tudo valeu a pena. A London Eye já fica iluminada toda noite, mas nessa ela ficou lindamente interativa. Conforme a música mudava de ritmo as luzes acompanhavam. E o show de fogos na hora da virada foi emocionante. Curtimos muito, tomamos nossa champagne e decidimos ir embora, tava muito frio. Uns 2 graus. Eu nem consegui ver quanto de sensação térmica, mas bem que eu gostaria. Adoro o frio. Mas tem limites...hehehe...





Seguimos pela ponte Westminster até que alguém passou por nós no sentido contrário dizendo que estava fechado lá na frente, ninguém passava. Oh boy! Toca voltar tudo.

Seguimos então pra estação Waterloo, a mais próxima ali da margem sul que estava aberta. A cada 500m mais ou menos a gente avistava um grupinho de guardas e staff e eu perguntava: Tá perto? Sim, siga por aqui, é uns 5 minutos de caminhada. 


E fomos, fomos, fomos. A galera foi aumentando. Idosos, gente com criança de colo, com carrinho de bebê, grupinhos de garotas histéricas, grupos de imigrantes falando línguas estranhas, bêbados vomitando. Até que me vi numa rua residencial. Estava TOTALMENTE tomada por pessoas. De repente parou tudo. Acho que minha adrenalina tava bem alta e o cansaço não deixou eu entrar em pânico, por que eu realmente tenho medo de ser pisoteada. Adoro um show, mas sempre fico apavorada com a muvuca.


Ficamos parados quase meia hora, sem saber o que estava acontecendo. Daí, meu marido viu lá na frente 4 guardas montados em cavalos. Eles se elevavam sobre a multidão. Então, imaginamos que, pelo fato de ter muuuita gente aglomerada, eles estavam fazendo esse reforço. Só que se houvesse uma confusão, como eles iam resolver com aqueles cavalos gigantes sem machucar mais ninguém? Não há resposta pra essa pergunta. (e não tenho fotos desses momentos pq nossas baterias foram pro espaço)


Enfim, começou a andar de novo. Fomos indo devagar, todos num bloco único. Quando chegamos na barreira dos cavalos, eles gritavam pra não empurrarem, não correrem. Os cavalos eram muito, muito grandes. E no meio daquele povo todo, eles nem se moviam. Eu fiquei pensando que se um deles se assustasse por qualquer motivo e pisasse em alguém... aiai... Eles são extremamente treinados. A coisa mais linda do mundo. E mais pra frente tinha outra barreira dessa, com mais 4 guardas montados. Depois dessa segunda barreira andamos mais uns 300 metros até a entrada do metrô. Lá dentro estava tranquilo e eu entendi então as paradas. Os guardas seguravam a multidão pra não entrarem todos juntos na estação e aglomerar muito lá dentro, onde era fechado e realmente podia ocorrer sérios problemas e acidentes. Por essa perspectiva eu me senti grata por ter ficado em pé na multidão. Nem tava frio. O calor humano aquecia todo mundo.


Quando chegamos no hotel já eram 3h30 da manhã. Pelas minhas contas, começamos a voltar pro hotel depois dos fogos, lá pela 12h45, chutando alto.

 Óia as caras de felicidades! Foi o melhor Ano Novo da minha vida!! =D


Enfim, apesar de todo o perrengue valeu a pena demais! Eu penso que quando se está viajando temos que ter em mente de que imprevistos não podem acontecer. Imprevistos VÃO ACONTECER. E temos que saber levar na esportiva. Podemos até ficar estressados no momento, mas devemos lembrar de onde estamos, do que estamos fazendo. E que passar perrengue, tomar chuva, comer mal às vezes, faz parte da viagem. Não tem como escapar. Vem no pacote. Só assim tem graça, por que depois temos muita história pra contar o risadas pra dividir. 


Então, se você está indo passar o Ano Novo em Londres, saiba que o saldo positivo é muito bom, você estará numa das maiores capitais do planeta, com lugares, prédios, pessoas e ruas lindas pra ver, explorar, aprender. E tudo coroado por um show de fogos emocionante, vibrante e colorido. Vale a pena! ;)


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

[Resenha] - O Tempo e o Vento


Baseado na obra imortal de Érico Veríssimo: O Tempo e o Vento.

Ok, isso me arrepia. E sempre vai me arrepiar. Como me senti arrepiada durante a maior parte do tempo enquanto assistia ao filme de Jayme Monjardim, que estreou em 27 de setembro.

Eu confesso que reluto em ver filmes nacionais, mas nos últimos anos tenho tido gratas surpresas. Muitas vezes eu vejo filmes nacionais por causa dos atores, como aconteceu com Qualquer Gato Vira-Lata, uma comédia romântica que me surpreendeu, sem aqueles clichês da Globo, com um monte de trapalhadas e confusões simplesmente por falhas na comunicação dos personagens. O tipo de texto que ficou empobrecido e virou roteiro de Zorra Total.

Porém, aqui estamos falando de algo diferente. Um filme baseado num grande clássico da literatura nacional. Um filme que não se propõe a contar uma nova história, mas apenas a recontar uma história muitas vezes contada, lida, relida, escrita e escrita novamente, em diversos formatos. Mais ou menos como Os Miseráveis. E há aqueles – como sempre hão de haver – que dizem que é muito difícil recontar uma história como essas.

Ana Terra chega ao povoado de Santa Fé.

Porém, na minha opinião e na minha análise – e essa resenha está sendo escrita por mim, portanto – quando Jayme Monjardim se lança a recontar uma história que já foi muitas vezes repetida a coisa muda de figura. Haja vista o que aconteceu com a série A Casa das 7 Mulheres, baseado no livro de Letícia Wierzchowski, que até então (quiçá até hoje) não era conhecido, que não é um grande clássico, e que guardadas as devidas proporções entre Érico e Letícia, inspirou uma história que já estava quase batida – a guerra dos Farrapos – ou que não estava batida, mas que se restringia a um canto inferior do nosso mapa nacional, mas que se tornou um dos clássicos da teledramaturgia brasileira. Todo mundo adora A Casa das 7 Mulheres, mas não era todo mundo que curtia estudar a história das guerras civis na época da escola, vamos combinar.

Mas, o que fez de O Tempo e o Vento diferente do restante do cinema nacional pra mim?
Quem me conhece sabe que eu sou suspeita pra falar quando se trata de uma história ambientada no Rio Grande do Sul, nos séculos 18 e 19, (ou até mesmo se fosse nos dias atuais e... Ok, parei.) com aqueles cenários naturais, com os trajes de uma época específica, mas muitos outros que designam imediatamente de onde se origina o sujeito ainda nos dias de hoje, com o típico dialeto gaúcho, também conhecido como guasca. Resumindo, eu fico de rédeas no chão! =D


O Tempo e o Vento conta a história do primeiro livro da saga de Érico Veríssimo, tratando da história do ódio de duas famílias, os Amaral e os Terra-Cambará. Mas, antes disso conhecemos a história de Ana Terra, imortalizada na TV por Glória Pires e agora vivida por sua espetacular filha Cléo Pires.

Depois de ter sua família morta e sua casa destruída Ana Terra parte em busca de uma nova vida, um chão para recomeçar do zero. Ela se instala na vila de Santa Fé, fundada pelo Coronel Ricardo Amaral. Com o passar dos anos, e de algumas gerações, a neta de Ana Terra, Bibiana se enamora de um forasteiro, o Certo Capitão Rodrigo. Aquele mesmo do livro que estava na lista escolar ou do vestibular se preferir, que é parte da obra original O Continente, primeiro livro da saga.

Bibiana e Rodrigo vivem uma verdadeira história de amor, que supera o Tempo e o Vento...hehehehehe.... ;-D

No filme de Monjardim fica bem claro como se dá a passagem do tempo. Uma estratégia (por falta de palavra melhor, considerando a minha falta de conhecimento técnico em filmagens cinematográficas) esteticamente linda: é escolhido um objeto de cena que tem relação com a personagem que atua na cena e após o close no objeto a câmera volta para a personagem, que está muitos anos mais velha.

Capitão Ricardo Amaral, vivido por José de Abreu e Paulo Goulart.

Esse artifício é usado primeiro com Ana Terra, em que Cléo Pires é substituída pela atriz Suzana Pires, e aqui eu devo fazer um comentário: eu não curti. Acho que foi a única coisa que não curti no filme. Acho que poderiam ter feito uma boa maquiagem, uso de efeitos especiais pra deixar Cléo mais envelhecida, mas nunca tê-la substituído por outra atriz. Explico: Cléo é uma figura muito marcante. Seu rosto e traços não são fáceis de copiar ou imitar e isso quebrou a verossimilhança da personagem. A voz, o jeito de se mover, tudo estava fora de lugar. O artifício de passagem do tempo foi usado também com Bibiana, personagem de Marjorie Estiano, sendo substituída por Janaína Kremer, mas dessa vez dá certo, por que Bibiana na idade madura não abre a boca.

Já Fernanda Montenegro é a Bibiana centenária e que narra o filme, contando em perspectiva toda a história de sua avó Ana Terra e de como através de 150 anos eles chegaram a situação em que estavam: um conflito entre os Amaral e os Terra-Cambará. Naquela noite, o casarão dos Terra-Cambará estava ameaçado de ser invadido pelos Amaral.

Sobre a atuação dos personagens, devo dizer sobre Fernanda Montenegro. Antes de ver o filme, eu sabia que a Bibiana seria interpretada por Marjorie e a imagem dela ainda estava fresca em minha memória por conta da novela Lado a Lado. Só que a Marjorie aparece da metade pro final do filme e quando eu vi a Fernanda contracenando com Tiago Lacerda eu pensei: Essa véinha estudou os trejeitos da Marjorie, a forma dela olhar, tocar, falar, pra poder interpretá-la mais idosa. É impressionante a semelhança das duas e isso fica mais claro uma vez que as cenas da personagem se intercalam entre jovem e idosa.

E por falar na protagonista feminina da saga, fiquei chocada ao ver que, diferente das mulheres de A Casa das 7 Mulheres, as mulheres de O Tempo e o Vento representam realmente o que era ser mulher naquela época. Elas não abriam a boca. Simples assim. Apenas Ana Terra tem uma fala de revolta, mas também, é a ANA TERRA, né? As demais, apenas baixam a cabeça e aceitam seu destino. Qual destino? O secundário, o coadjuvante. As únicas que tem destaque no filme são Bibiana, Ana Terra e uma senhora que canta numa festa do povoado. Só. Achei digno, pela verossimilhança e achei digno por que em A Casa das 7 Mulheres as mulheres eram as protagonistas da história e todo o resto gravitava em torno delas, a coisa toda existia sob a perspectiva das mulheres. Em O Tempo e o Vento não.


Outra atuação que é marcante demais e que rouba a cena (como deveria ser) é a de Thiago Lacerda. Ele é o perfeito Capitão Rodrigo. E eu imaginei que fosse difícil de conseguir isso sem lembrar de Tarcísio Meira, ou Giuseppe Garibaldi. Mas, Thiaguito se supera e nos enleva com seu Rodrigo bonachão, piadista e despachado. Uma das falas que eu mais gostei (e que está na série de TV e no livro) é uma das primeiras do Rodrigo e que já marca de cara como é sua personalidade. Ele entra no bar de Santa Fé, sem conhecer ninguém e diz a todos: “Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!”  (e saiba que eu não consigo ler essa frase sem o sotaque, ok?)


E depois Thiago vai encantando até a última cena. Ele é divertido e o tempo todo a gente fica com aquela sensação de que alguém vai apanhá-lo e dar-lhe umas palmadas por sua traquinagem. Nas piores horas, nos momentos em que é necessário seriedade e respeito, ele transborda seu jeito brincalhão e a plateia se esbalda em gargalhadas. Uma delícia.

E por fim, a atuação de Cléo Pires também impressiona. Ok, também sou suspeita pra falar dela, já que se há uma mulher que eu sou fã, tiete, assumida e descaradamente é Cléo Pires. Ela é sensual por natureza, convenhamos. Mas, fazer Ana Terra ser sensual são outros quinhentos. Ana Terra é bonita, de um jeito rústico, meio selvagem. Mas a Ana de Cléo é um rio de feromônios. E por falar em rio, a mocinha (incapaz de entender os sinais de seu corpo) começa a passar mal, uma angústia, um siricutico que a tira da cama no meio da noite e ela não vê outra saída: vai aquietar seu fogo por Pedro Terra nas águas do rio, literalmente, num banho sob as saias com a mais límpida, gélida e corrente água dos pampas gaúchos. Só vendo pra crer.


E, só vendo pra crer na fotografia desse filme. O Tempo e o Vento de Monjardim é um colírio para os olhos e para os amantes das belezas das terras gaúchas.
Um jeito de fazer cinema que me conquistou. Uma história contada de forma cíclica, mas ao mesmo tempo sob uma ótica em perspectiva. Sem ter que apelar pra comédia estilo mini-série global ou para a violência das favelas cariocas no RJ, este filme conquista apenas pela beleza de suas cenas, pela força com que é contada a história de um amor, pela passagem do tempo e de como essa passagem é retratada. A mudança que o tempo produz na vida das pessoas e ao mesmo tempo como algumas coisas permanecem para sempre.


Não queria fazer nenhuma crítica negativa nesta resenha, mas pra ser um texto imparcial como deve ser, vou dizer que lamentei somente o fato de que nem todos os atores se empenharam em colocar o sotaque gaúcho presente nas falas. Ou isso era uma questão secundária na visão da produção e da direção. Até que fica valendo pelo fato do filme ser tão bom. Mas, se tivessem esse cuidado, teria sido mais que 100%. Recomendo muito.
Seguem o trailer do filme, um vídeo com um trecho da série de 1985, com Tarcísio Meira e um link com a sinopse oficial.

Um beijo e um Báh!

Trailer O Tempo e o Vento - 2013




Série 1985


Sinopse:

Fontes:



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Lutar, sim! Mas, e o que está além do grito?

Dias de mudanças. Povo nas ruas. Gritos de protesto. Palavras de ordem. Cartazes com dizerem pedindo justiça, ordem. Nas últimas semanas temos visto milhares de pessoas em passeata nas ruas das principais capitais do país, protestando por um Brasil melhor.
Certo, chamada de jornal não é bem o assunto aqui e todo mundo já ouviu e leu isso.

Ok, muito legal, muito bom, muito bacana. O gigante acordou, o povo percebeu que pode ir atrás de uma vida em sociedade melhor, mais justa, mais correta. O povo está empolgado com o fato de ter seu grito ouvido, mesmo que seja meio na marra. Guardadas as devidas proporções, como diria um professor meu, num país deste tamanho e com tanta gente, tem que fazer na marra, por que só desejar e se posicionar no seu âmbito de convívio não adianta nada. Os governantes não vão saber que a gente se indigna com tanta violência, falta de educação, hospitais, roubalheira e corrupção. Ninguém tem o telefone da Dilma pra dizer: “Companheira Dilma, a situação está complicada. Precisa fazer alguma coisa aí de relevância por que o povo tá morrendo no corredor da fila do SUS. Assim não dá, companheira!”

Não, assim não dá. Mas, o quê fazer?

Sugestão 1: conheça sobre o que você está falando. Saiba melhor o que está reivindicando, do que se trata aquela lei, aquele aumento de taxa, o que vai acontecer quando tudo isso mudar.

E pode crer, a internet é uma faca de “dois legumes”. Tanto engorda quanto mata. Tem gente falando coisa boa, relevante, importante (pouca gente, mas tem), e tem a maioria que está só no oba-oba, tanto nas ruas como nas redes sociais.
Vamos combinar que não foi de um dia pro outro que esses milhões de pessoas aprenderam DE VERDADE o que significa tudo o que eles estão fazendo lá na rua. Vamos combinar que muita, muita gente, por mais pacificamente que seja, não tem a real ideia do que tá rolando e pelo quê eles estão gritando. Vamos na embalo? Engrossar o coro que é mais fácil ser ouvido? Ótimo. Mas, ali no frigir dos ovos, na maioria esmagadora... A galera nem sabe cantar o hino nacional.

Pensando nisso eu comecei a ler e refletir sobre o outro lado das manifestações.

Eu compartilhei um post com um textinho pequeno que tenta entender o significado por trás daquela máscara do Anonymous. O texto é de um cara que fez umas contas mais ou menos pra saber o que a galera acha que era a máscara e depois ele explica, historicamente, o que representa essa máscara. Se está historicamente correto ou não, não posso afirmar, pois não estudei pra saber, mas ao menos é uma luz sobre o assunto. Ao menos pra mim me fez pensar: Será que eu sei mesmo sobre o que estou compartilhando ou apoiando, ou protestando? Penso, dentro da minha limitação intelectual, que protestar com uma máscara no rosto é qualquer coisa oposta a protestar. Se a máscara não é pra se esconder e sim simbolizar algo, use uma camiseta, simples e mais útil. E mostre a sua cara! Você deve alguma coisa? Se sim, nem comece a protestar, pois já está errado. Vá primeiro refletir sobre suas posturas e tentar corrigir seus erros. Se não, por que se esconder? Ninguém na minha timeline curtiu.
(https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151648928137156&set=a.10150266582152156.343921.673837155&type=1&relevant_count=1)

Da mesma forma compartilhei um texto de um blog a respeito das manifestações e a respeito do que virá depois. Alguém sabe? Alguém propôs algo concreto e que de fato possa ser analisado pelas pessoas que comandam o país? Ok, fomos às ruas protestar, pra mudar o que tem lá. Depois da mudança, depois de tudo alterado o que vai ser colocado no lugar? Alguém tem um projeto aí na manga? Qual a proposta do POVO pra depois da lavagem da sujeira toda? Ninguém curtiu.

Antes disso uma amiga publicou o seguinte no seu perfil do Facebook, e que é a minha sugestão 2:
Você luta contra a corrupção no dia a dia? Devolve troco errado? Não suborna um policial para aliviar a multa? Dá e pede nota fiscal? Não rouba Tv a cabo? Não falsifica carteirinha de estudante? Não fura fila? Não compra DVD pirata? Não falsifica assinatura? Não bate cartão de ponto de colega?
” Eu compartilhei na minha timeline e APENAS duas pessoas, entre elas a minha amiga que publicou isso, curtiram.

No domingo, ontem, eu estava na igreja e o pastor falou que leu algo similar a isso na internet e comentou sobre esses posicionamentos diários que todas as pessoas podem ter. Ele comentou que numa fila de festa junina de seus filhos, os filhos de um outro pai chamou a atenção pois as suas crianças tinham furado a fila. E ele disse que tudo bem, não tinha problema. O pai disse: “Tem problema sim. Hoje eles furam fila, imagina o que eles estarão fazendo no futuro?”

Isso me levou a refletir novamente sobre nossas ações diárias, mínimas, mas que delas são feitas as histórias da nossa vida e são delas que tocamos as pessoas com quem convivemos ou esbarramos. Como o pai dos garotinhos tocou o meu pastor, e ele não esqueceu do exemplo de educação daquele pai.

Então, eu pergunto: O que nós podemos fazer? De fato? Na real? No nosso dia a dia? Nas coisas pequenas, no “bom dia” pro faxineiro do seu prédio e no fato de não jogar aquele papel de bala dentro do elevador? Ou além, recolher o cocô do seu cachorrinho quando leva ele pra passear? Daí, você vai me dizer: “Ah, mas isso é questão de educação.” E eu digo: “Sim, é educação mesmo.”

É por causa da educação que temos é que podemos racionalizar, refletir e tomar atitudes por um lugar melhor, um mundo melhor pra viver. E esta é a resposta pra sugestão 1: estude, aprenda e entenda o que realmente significa toda essa comoção nacional e as implicações disso tudo.

E é por falta de educação ou instrução, por exemplo, que tem muita gente querendo tirar – como num passe de mágica – a Dilma da presidência e dar de presente de Natal o cargo pra outra pessoa. Por que nossos jovens não sabem como funciona a máquina do governo, os três poderes, o que faz o Congresso, a Câmara e qual a função dos engravatados que estão lá. Pois, como eu que aprendi isso na faculdade mas já votava há mais de 5 anos, que quem faz as leis e manda de verdade nos rumos do país não é a pessoa que está no cargo de presidente. Pelo contrário, o presidente é o que tem o salário menor e menos manda em tudo. E eu me lembro que disse ao professor: “A gente deveria ter aprendido isso na escola.” E ele disse: “E você acha que o governo quer um povo que sabe das coisas, ainda mais destas coisas?”

E todo mundo dá “aquela” importância pra eleição presidencial – manipulados pela mídia, claro – mas na eleição dos deputados e vereadores, galera vota na legenda, anula o voto, ou “rouba” o candidato do vizinho, do cara que tá na sua frente na fila da porta da sala onde vai votar.

Realmente esse assunto é bem complexo e chato. Eu aprendi lá, numa ou duas aulas, mas não sei direito ainda.

Mas, eu sei e não precisa ir pra faculdade pra saber, que se eu furar fila, se falsificar assinatura, se pagar propina pro guarda, eu estarei - num âmbito muito menor mas não menos importante - agindo com má fé e corrupção, do mesmo jeito. Se eu tiver que usar o serviço público de saúde, mas conhecer um médico chefe lá dentro e usar da prerrogativa pra “furar a fila no transplante ou tratamento”, estarei sendo tão corrupta quanto o sistema que deixa milhares de pessoas morrerem sem ter chance de serem tratadas. Isso acontece. Tenho um exemplo na família, que preferiu ficar semanas internada (sem estar doente) pra esperar sua vaga de cirurgia no Hospital das Clínicas, pra não passar na frente das outras pessoas que também já esperavam pela sua vaga.

O mesmo vale pra vaga em estacionamento. A vaga para deficiente já diz: é para DEFICIENTE. Se você não é deficiente, procure outra vaga. Você ainda não é idoso, mas um dia vai ser e quando chegar a sua vez você vai ficar com raiva do jovem que tomou a sua vaga exclusiva. Este é outro exemplo que o pastor deu lá no domingo, que eu achei super relevante.

E são nessas pequenas atitudes que mostramos realmente que tipo de país queremos pro futuro dos nossos filhos. É na educação deles que perpetuaremos um povo justo, correto, honesto. Pois os governantes que estão lá foram ou são filhos de alguém, que um dia teve a oportunidade de ensinar o correto, o honesto pro seu filho. De dar o exemplo devolvendo o troco errado pro caixa da padaria. Que sejam 10 centavos. Não importa. O que é certo é certo.

E se nós não fazemos o certo no nosso âmbito de convívio, no nosso dia a dia, agindo com honestidade, hombridade, com educação no trânsito, na hora de dar passagem pra um velhinho ou deficiente, na hora de dizer uma palavra de afeto a um estranho, nunca vamos conseguir um país melhor e mais justo. E também não refresca muito um país melhor e mais justo se vivemos como pessoas desonestas, arrogantes e mal educadas. Pois um país melhor é feito de pessoas, não só de leis. É feito do povo, dos jovens e crianças que ficarão aí, cuidando do legado que deixaremos de herança. Uma vida melhor é feita das atitudes pequenas, das quais sabemos realmente do que se tratam. Boas e saudáveis atitudes, de cada um de nós, faria uma imensa diferença. No cuidado com o patrimônio público, com o não jogar lixo no chão, com o economizar água, luz, reciclar seu lixo, no respeito às leis que nós mesmos estamos exigindo que sejam mais justas e corretas.

É muito importante que o povo se posicione, lute pelos seus direitos e reivindique melhorias na administração pública de forma geral, claro que sim. Uma coisa não exclui a outra. Mas é nitidamente contraditório gritar por honestidade e justiça se nós mesmos agimos na contra mão disso, na nossa casa, com nosso vizinho, colegal de trabalho, com o desrespeito pelo que é público... Por que nada mais contraditório do que exigir honestidade e bons serviços públicos, ir contra o aumento da taxa de ônibus, e dizer que o transporte não é de qualidade e ver que o transporte que nós temos, do jeito que está é de forma geral – e estou generalizando SIM, pois quem anda de ônibus sabe que é assim – depredado, pixado, quebrado, sujo e mal cuidado pelos próprios usuários.

Nada mais contraditório do que lutar pela melhoria no saneamento, moradia, mas jogar lixo no rio Pinheiros, despejar entulho em local inadequado, não reciclar o lixo, não tomar posturas e se engajar em iniciativas que procurem melhorar essas questões. Por que o alagamento não acontece SÓ por que o rio não suporta a cheia, mas também e quase que exclusivamente, por que não há vazão da água pelo acúmulo de lixo nas ruas. Então, de que adianta todo ano o cidadão chorar na TV que sua casa alagou de novo, mas ele mesmo jogar seu lixo nos córregos e cantos da cidade, proporcionando que esse lixo se acumule e no futuro cause enchentes.


Com tudo isso, que de novidade não tem nada, nossa maior herança é o exemplo que estamos dando a nossos filhos e semelhantes no dia a dia, no respeito ao próximo, nas atitudes corretas, honestas e solidárias com os menos favorecidos que nós e para o bem da coletividade, a começar em mim.